A IMPORTÂNCIA DA LEITURA PARA A PRODUÇÃO DE TEXTOS
‘’Aprende
a escrever bem ou a não escrever de jeito nenhum.’’ (Deyden)
‘’Para
escrever bem deve haver uma facilidade natural e uma facilidade adquirida.’’
(Joubert)
‘’Quem
me dera saber escrever!’’ (Campoamor)
‘’O
ato de escrever é a arte de sentar-se numa cadeira.’’ (Sinclair Lewis)
‘’Escrever
é um ócio trabalhoso.’’ (Goethe)
‘’O
pensamento voa e as palavras andam a pé. Aí está o drama de quem escreve.’’
(Julien Green)
‘’A
cesta de papéis é o primeiro móvel na casa de um escritor.’’ (Ernest Hemingway)
‘’Ainda
que seja um intelectual das letras, não deveis supor que eu não tenha tentado
ganhar a vida honradamente.’’ (George Bernard Shaw)
‘’O que se lê sem esforço foi escrito com muitas
dificuldades.’’ (Enrique J. Poncela)
Carneiro
(2001:9): “Todos, escritores, ou não, são unânimes em apontar as dificuldades
da tarefa de escrever. Muitos a consideram um aprendizado demorado, dispendioso
e pouco eficiente, já que são poucos os que chegam a redigir textos de forma
adequada. Outros afirmam que escrever é lutar inutilmente contra as palavras,
pois parecem nunca atingir plenamente os objetivos pretendidos. Além do mais,
no nosso cotidiano, a língua falada parece ocupar um espaço de maior prestígio
– jornais falados, mensagens gravadas em fitas, telefonemas, etc. substituem
tradicionais meios de comunicação que utilizam a língua escrita. Diante desse
cenário, cabe a pergunta – Ainda vale a pena aprender a escrever? A escola
parece acreditar que sim, já que ainda prioriza a escrita... Mas de onde vem
essa importância? Por que, apesar das dificuldades, alguns ainda acham que
devem continuar a defender o seu ensino?”
O
texto, transcrito acima, faz parte da introdução do capítulo ‘’Para que
aprender a escrever?’’, o qual parece apropriado para o início de uma reflexão
acerca desse assunto.
‘’Escrever é falar no papel.’’ Esta é uma
frase, retirada do livro de Donald Weiss, “Como Escrever com Facilidade”;
no qual o autor assegura que o medo acaba inibindo pessoas alfabetizadas de
escrever. Já que escrever é falar no papel, o primeiro passo, segundo ele, para
perder este medo é escrever como se estivéssemos falando. Escrever sem medo e sem preguiça,
fazer vários rascunhos, ler em voz alta o texto escrito para descobrir as
falhas (sub-vocalização) são técnicas indispensáveis; e o restante advém da
coragem de não ter medo de errar e de ser criticado por alguém que nunca
escreveu nada, mas que está sempre pronto a destruir a criatividade do
outro.
Na escola, uma
grande dificuldade enfrentada pelos alunos com relação ao escrever refere-se à
necessidade que eles têm de deixar a linguagem coloquial, “aquela do
dia-a-dia”, e passar a se expressar por escrito, numa linguagem mais formal e
mais cuidadosa. A fala por ser mais espontânea, menos cerimoniosa e com certeza
mais fácil que escrever, e pelo fato de a escrita ter normas próprias
(ortografia, acentuação, etc.), a falta de um interlocutor à sua frente exige
deles que obedeçam a essas normas.
Outra questão
muito comum entre os alunos é dizer que aquele dia “não estão inspirados”, que
não vão conseguir escrever. Esta afirmação, para Gustavo Ioschpe,
jornalista da Folha de São Paulo, não tem fundamento, pois garante que
‘’além do 1% de inspiração que está no DNA de qualquer aspirante a
Shakespeare, o que é determinante são os 99% de transpiração”.
Outra
grande referência é a opinião de Garcia (2002:301) que assegura: ‘’aprender a
escrever é, em grande parte, se não principalmente, aprender a pensar, aprender
a encontrar idéias e a concatená-las, pois, assim como não é possível dar o que
não se tem, não se pode transmitir o que a mente não criou ou não aprisionou.’’
Considera ser ilusório supor que se está apto a escrever quando se conhecem as
regras gramaticais e suas exceções. Evidentemente, um aluno precisa de um
mínimo de gramática indispensável (grafia, pontuação, um pouco de morfologia e
sintaxe), que permitirá a ele adquirir certos hábitos de estruturação de frases
modestas, mas claras, coerentes e objetivas, embora se isto não seja
suficiente.
Considerando a produção de
textos na escola, pode-se dizer que cabe aos educadores, portanto, propiciar
condições para o aluno exercitar-se na arte de pensar, captar e criar suas
próprias idéias, através de atividades que exijam reflexão e produção de um
novo texto; e para alcançar esse objetivo, deve-se utilizar a criatividade,
sempre considerando e usando “A PALAVRA” como veículo de expressão do
pensamento, desenhando através da “ARTE DA PALAVRA ESCRITA” um texto original,
diferente, como se fosse uma verdadeira obra de arte.
À primeira vista, pode-se pensar que
cada palavra escrita é objeto de uma "convenção" que
associa arbitrariamente, uma forma gráfica específica a um
sentido específico. Mas é preciso ter em conta que a língua escrita é um
"código derivado" da língua oral. Se a relação entre a expressão
sonora das palavras e o seu sentido é arbitrária, a relação entre a expressão
sonora das palavras e sua forma gráfica - exceções à parte - não
é. Subjacente à relação não arbitrária entre a forma ortográfica e a
forma fonológica há um princípio que o aluno deve descobrir: o alfabético.
Freqüentemente, no ensino da
leitura, tenta-se conciliar o inconciliável: fazer compreender como
funciona o código escrito pela descoberta do princípio alfabético e fazer
descobrir as finalidades e as questões envolvidas na leitura usando os mesmos
textos. Estes dois objetivos complementares exigem que os alunos apóiem-se
sobre suportes escritos de dimensões e de natureza muito diferentes.
A descoberta do princípio alfabético exige a manipulação de segmentos
curtos e cuidadosamente escolhidos para uma ilustração precisa, já a tomada de
consciência da diversidade dos escritos e de suas finalidades individuais e
sociais exige escritos ricos, autênticos e socialmente significativos.
Fazer compreender, a partir de um
mesmo suporte escrito, como "funciona" o código e para que ele serve
quando colocado em funcionamento introduz o risco de empobrecer, e
mesmo perverter uma das duas tarefas: textos muito curtos, insípidos,
sem ambições semânticas e sem significado social não
podem revelar a um aluno o que é ler; em contrapartida, textos ricos,
variados, carregados de sentido são impróprios para colocar em evidência
as relações que ligam as letras e os grupos de letras escritas aos sons
orais.
Ao colocar-se o ler e
o escrever ainda como desafios, deve-se ter em mente que formar o leitor é
também compreender e conhecer esse modo de ser oral de nossa cultura urbana, o
qual disputa terreno com a tradição escrita, com seu apelo facilitador à
inteligibilidade do mundo. Situá-los nesse ambiente de turbulência cultural,
enfrentando-o, sem negá-lo ou ignorá-lo, estar em seu meio e a partir dele,
utilizar seus recursos, dirigir uma proposta política/ética/estética ao aluno,
para integrá-lo a uma compreensão de mundo que vise à interação com tudo que
esta carrega de coerências e contradições.
Professores podem e devem planejar um ambiente,
em sua dimensão tanto física quanto social, no interior da unidade escolar,
mais especificamente na sala de aula, que se constitua num espaço cultural
capaz de instigar/sugerir/convocar certos conhecimentos, atitudes, valores,
desejos e reflexões. Formando leitores dentro das diferentes naturezas da linguagem
escrita e visual; agregando ao ato solitário da leitura do texto escrito o
movimento de luz e sons; motivando e formando alunos/leitores, mesmo dentro
dessa sociedade, tão urbana e tecnológica, em que estão inseridos.
Uma
orientação eficiente para a prática de produção de textos, na escola, deve
envolver procedimentos fundamentais distribuídos em dois grandes momentos: o
que antecede e o que coincide com o ato de escrever, propriamente dito. No
primeiro momento, há que se orientar na busca de conteúdos (idéias, opiniões,
informações) a serem colocados no papel; no segundo, não menos importante,
deve-se preocupar com o modo de fazê-lo, resgatando e/ou apresentando habilidades
de estruturação do texto que permitam tecer microestruturas eficazes para se
conseguir um texto coeso e coerente com as idéias e intenções do autor.
Os
alunos devem estar convictos de que escrever é expressar idéias, conceitos,
informações, sentimentos, sensações de maneira clara, coesa e coerente com
aquilo que se deseja e cabe ao professor ensinar-lhes a selecionar e manipular
tanto palavras e frases como idéias, conceitos e informações para que possam
obter o resultado desejado em sua produção textual.
Para
encerrar uma apropriação das sabias palavras do grande mestre Rubem Alves: “Bom
seria que o professor dissesse aos seus alunos – Leiam esse livro. Ruminem.
Depois de ruminar, escrevam os pensamentos que vocês pensaram, provocados pelos
pensamentos do autor. Os pensamentos dos outros não substituem os seus próprios
pensamentos. Somente os seus pensamentos estão vivos em você. Um livro não é
para poupar-lhes o trabalho de pensar. É para provocar o seu pensamento.”
Referências
Bibliográficas:
CARNEIRO,
Agostinho Dias. Redação em construção. A escritura do texto. 2 ed.
rev. e ampl. São Paulo: Moderna, 2001.
GARCIA, Othon Moacyr. Comunicação
em prosa moderna. 21
ed. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 2002.